Cinema | Perfect Sense
Conta a história de Michael (Ewan MacGregor) um chef de cozinha sedutor e individualista e Susan (Eva Green), uma epidemiologista relutante a novas paixões. Contudo, deixam-se envolver desde o momento em que se conhecem, coincidindo com o eclodir de uma epidemia que surge sem possível explicação. O alastrar da doença desconhecida rouba, pouco a pouco, cada um dos cinco sentidos.
Olfacto, paladar e audição vão desvanecendo um após o outro, as capacidades que nos colocam em contacto directo com o que nos rodeia perdem-se e surge um cenário apocalíptico. Entre o caos instalado assistimos à vontade de contornar as limitações que vão surgindo e à resiliência desenvovida de modo a retomar uma rotina. Este plano que rodeia o romance dos protagonistas relaciona-se de certa forma com o universo psicológico de ambos. São personagens complexas em que se denota uma espécie de lapso emocional que pode ser compreendido pelas suas vivências.
Logo de início fui remetida para outro filme, "Blindness" que retrata também um plano caótico em que a população perde a visão e desmorona numa realidade de miséria e selvagaria. Uma das diferenças é que em "Perfect Sense" releva-se uma perspectiva mais optimista que destaca a capacidade de adaptação à perda dos sentidos.
Na minha opinião é um bom filme, denso e dramático, capaz de nos colocar de modo interessante perante questões que apelam à reflexão sobre a faculdade de readaptação a circunstâncias inexplicáveis e inesperadas.
Mais uma vez acho que a escolha do casal foi um sucesso! Simpatizo de alguma forma com a actriz Eva Green, seja qual for o papel a interpretar tem sempre uma expressão que prende, para além da sua beleza enigmática.