Camellia

O repertório do escritor Japonês foi-me apresentado na fase da adolescência. Uma fã acérrima da cultura japonesa aconselhou-me a sua escrita e lá me aventurei com a “A Crónica do Pássaro de Corda”. Não tenho bem a certeza se fiquei apenas por esse, mas lembro-me de gostar imenso da escrita poética e daí veio a ideia de revisitar as obras do autor. Esta história de que falo hoje foi uma escolha certeira, desde o início percebi que me iria deixar levar de bom grado.

Hajime e Shimamoto aproximaram-se em crianças e estabeleceram um forte vínculo pautado por momentos de cumplicidade entre livros e música. Do gosto e interesse pelo Jazz cria-se uma especial ligação à canção «South of the Border, West of the Sun», tema de Nat King Cole que dá título ao romance. A música é um factor muito presente nesta obra, que marca e acompanha muitos dos momentos vividos entre as duas figuras principais.

Apesar da forte ligação algumas circunstâncias inesperadas levam ao afastamento das personagens deixando lugar a memórias intermitentes.

O longo das páginas presenciamos a evolução de Hajime, da adolescência à vida adulta, incluindo a sua vida rotineira, cómoda e confortável dentro dos parâmetros capitalistas. Todas as mudanças que se vão seguindo não deixam para trás a imagem de Shimamoto e os pormenores que guardou da sua pessoa. Tudo o que tinha alcançado podia parecer suficiente até o dia que a volta a encontrar e que se anuncia uma reviravolta em tudo que encontrava como certo. Denota-se a partir do reencontro um balanço constante entre a razão e o sonho, o certo e o incerto. Entre os dois limites uma decisão tem de ser tomada, no êxtase dos acontecimentos aguardamos uma resposta para este dilema e o fim…deixo para vocês descobrirem caso também se queiram perder nesta história.

 Tal como na outra narrativa as personagens e o ambiente envolto agarram-nos de imediato e neste caso com um toque de sensualidade diferente e cativante. Passo a passo é mantido o mistério e a expectativa do que poderá suceder.